quarta-feira, 3 de agosto de 2011

As mentiras do início da vida adulta

Mentiram pra nós, nos enganaram. Nos enganam sobre um monte de coisas da vida, e o alarmante é que eu não devo ter descoberto meu engano em quase nada. Só depois de muito murro em ponta de faca, de muita aquisição de bom senso é que você descobre o quão erradas são algumas concepções passadas a você como certas. A família, a sociedade e a escola podiam te ajudar mais, já que no iniciozinho da vida adulta pouca gente tem um pouco de noção e bom senso.

O vestibular - Tem que ser a primeira coisa que você faz assim que sai da escola. A faculdade é a continuação natural da escola, e sem entrar na universidade você está apenas parado, desperdiçando seu tempo. Só digo que se eu tivesse gastado os dois anos de cursinho pré vestibular fazendo cursinho pré concurso, certeza que já estava aí, empregada independente, provavelmente me formando por agora ou logo mais, sem dever nada pra ninguém, cuidando da minha própria vida.

A "profissão que você ame" - Dizem que você tem que escolher uma profissão que você ame, né? E isso normalmente está atrelado ao obrigatório vestibular no fim do ensino médio. Acontece que a maioria sai do ensino médio sem nem bem saber onde fica o próprio nariz, quanto mais o que tem aptidão pra fazer. Fora que o mito da profissão amada e prazerosa é isso, um mito. Trabalho é o que você faz porque te pagam. Não é passeio ao parque. Pode ser chato, penoso, enfim. Pouquíssimos são aqueles que amam o que fazem. Mas óbvio que temos que escolher o que temos aptidão pra fazer, não é um sacrifício tão grande. E, novamente, aos 17 anos não temos sequer ideia. Quando acertamos, acertamos meio que no escuro. E esse mito só serve mesmo para criar um enorme contingente de pessoas frustradas à espera de "se apaixonar" pelo trabalho.

A faculdade é o melhor momento da sua vida - PFfffffff. Dispensa comentário. Os que realmente ficam achando isso é porque encararam toda a faculdade como um QG para encontrar os amigos pra combinar cervejadas. Óbvio que fiz bons amigos, e conheci gente muito bacana e o meu noivo. Mas se eu tivesse frequentado a academia por 5 anos também faria amigos. Se eu frequentasse qualquer coisa numa base diária com as mesmas pessoas por 5 anos eu faria bons amigos baseados em uma forte afinidade. Não senti nada de especial a respeito da faculdade. As festas eu nem vou falar. Provavelmente eu fui conhecida pelos colegas micareteiros que tomaram a formação do time de futebol como a real razão para estar na faculdade como a pessoa mais mal humorada e ranzinza que já pisou aquele prédio. Mas a verdade é que as outras pessoas mais mal humoradas e ranzinzas nem se dão ao trabalho de perder tempo socializando. Eu sou um amor de pessoa.

Bom, pra início de conversa é isso. Me sinto enganada por todos. Quase todas as nossas expectivas sobre estudo, amor, carreira, família, enfim, nossas concepções sobre a vida não passam de idealizações baratas, que não resistem ao primeiro sopro. É um castelo de cartas.

Será que é assim pra todos? Ou será que acaba que eu sou mesmo ranzinza, mau humorada, amarga e pessimista?

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